É o dízimo uma forma de contribuição cristã? Teria passado para a Igreja essa prática do judaísmo? Sabemos que os judeus, desde Abraão (Gn 14:20) e Jacó (Gn 28:22) ofereciam seus dízimos a Jeová.
Diz a palavra de Deus:
‘‘E bendito seja o Deus Altíssimo, que entregou os teus inimigos nas tuas mãos. E Abrão deu-lhe o dízimo de tudo.’’(Gênesis 14:20)
A lei mosaica regulamentou o dízimo como uma contribuição que visava manter o culto e o sacerdócio. Os cultos sustentados pelos dízimos conservavam na alma do povo judeu a promessa da vinda do Messias. A vinda do Ungido era, sem dúvida, a grande esperança que os judeus celebravam em seus rituais. Cada filho de Israel trazia como oferta ao Senhor o dízimo dos seus cereais, do seu gado e das suas ovelhas. De cada dez cordeiros que nasciam no rebanho, um era escolhido e levado para ser oferecido. O cordeiro sacrificado como holocausto pelo pecado (Lv 14:13), era uma celebração de esperança na vinda do Cordeiro de Deus como profetizado por Isaías, que haveria de tomar sobre si a culpa dos nossos pecados e as nossas dores: “Como um cordeiro que é levado para o matadouro e como a ovelha muda perante os seus tosquiadores, ele não abriu a boca” (Is 53:7). Essa profecia se cumpriu em Jesus, que foi apontado pelo profeta João como “O Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo” (Jo 1:29). Era a missão do povo de Israel ser o canal para a vinda do Redentor ao mundo (Gn 12:3).
Com a vinda do reino messiânico, os sacrifícios de animais foram abolidos, o que ficou explícito no momento em que o véu do templo se rasgou de alto abaixo ao ser Jesus morto na cruz. O sacrifício de Jesus foi único, suficiente, eterno e universal (Hb 9:14).
Jesus se refere ao dízimo e deixa bem claro comparando às dádivas que os fariseus praticavam, questionando-os por fazê-lo sem as condições prévias indispensáveis da fé comprovada na justiça e na misericórdia (Mt 23:23). Outra vez fica claro que Jesus disse sobre o dízimo está na reprovação da atitude dos fariseus na parábola do fariseu e o publicano. O fariseu desvia a finalidade dos seus dízimos, orações e jejuns, tomando essas práticas como um motivo de soberba e de desprezo para com o publicano que está em pé, lá atrás contrito e cabisbaixo (Lc 18:11-13). Na discussão sobre sua missão, Jesus se declarou “maior do que o templo” (Mt 12:6), portanto, maior do que o santuário que continha o altar e os dízimos. Porém, o dízimo, não foi abolido, mas redimensionado em seu significado e ampliado.
A contribuição na Igreja cristã não é contabilizada pelo valor de dez por cento, mas pela generosidade que tudo põe sobre o altar. No Novo Testamento, não é mencionado o dízimo, 10% da renda de cada cristão, para o sustento da Igreja. Tudo o que eu entrego com amor para o sustento da Igreja é de Deus, é o meu dízimo. Eu apenas devolvo para Deus o que a Deus pertence. Mas tudo o que eu conservo em meu poder para o sustento da minha família, também pertence a Deus porque eu pertenço a Deus. Consideramos, por isso, o dízimo de 10% como um referencial inicial da contribuição cristã, mencionada no Velho Testamento. O mínimo a que devem ser acrescentadas as ofertas para missões de evangelização, para fins específicos visando o progresso do Reino de Deus.
Em 2 Coríntios 8.5 temos uma gráfica ilustração do que é a contribuição cristã. Paulo afirma que os cristãos da Macedônia não fizeram apenas uma generosa oferta, mas “primeiramente a si mesmos se deram ao Senhor e a nós, pela vontade do Senhor”. Quem já se deu por inteiro ao Senhor, não vai ficar fazendo cálculos percentuais para dar uma contribuição financeira. Dá pela graça, com amor, com generosidade porque a contribuição cristã é oferecida ao Messias que já veio ao mundo demonstrar concretamente a graça de Deus.
O Monte do Calvário cumpre e dá significado ao Monte Sinai. Cristo obedeceu plenamente toda a lei. O dízimo do Novo Testamento realiza a esperança do dízimo do Velho Testamento e vai além, como demonstração da graça. O dízimo da lei foi ultrapassado, foi cumprido com a vinda de Jesus.
Quando dizemos que tomamos o dízimo literal de dez por cento como referencial inicial do dízimo cristão, estamos afirmando duas coisas que desejamos fiquem bem claras.
Primeira: Nenhum cristão pode deixar de oferecer a Deus menos do que dez por cento das suas rendas. Sua justiça tem que exceder a justiça dos escribas e fariseus, que limitavam o dízimo a esse percentual.
A segunda verdade, à luz de Atos 4.32. e 2 Coríntios 8.2, é que a marca da contribuição cristã é a generosidade da contribuição.
Em Jonas, vemos a graça de Deus alcançando um povo gentio (Jn 4:10,11). A salvação pela graça está expressa em Sofonias 30:17.
Diz a palavra de Deus:
‘‘O Senhor, o seu Deus, está em seu meio, poderoso para salvar. Ele se regozijará em você, com o seu amor a renovará, ele se regozijará em você com brados de alegria’’. (Sofonias 3:17)

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